Entrevista com o Dr. Anacleto
A entrevista que se segue é completamente inventada. Apesar de previamente combinada com o supremo dirigente do Bloco de Esquerda, o Dr. Anacleto, à hora marcada o repórter não apareceu. O diálogo que nunca aconteceu foi o que se segue:
O jornalista: Caro Dr. Anacleto, boa tarde. Gostava de lhe perguntar em primeiro lugar, porque é que o Bloco de Esquerda foge da palavra ‘comunismo’ como o diabo da cruz?
O Anacleto: Ora essa é uma boa pergunta, até porque o Bloco é uma organização de máxima transparência que não tem medo de nenhum assunto e muito menos desse que referiu.
O jornalista: É raro ouvir a palavra ‘comunismo’ da boca de um dirigente do Bloco. Afinal, como se qualifica o Bloco de Esquerda?
O Anacleto: O Bloco é uma organização de esquerda, socialista, progressista, equalitária, anti-imperialista, pró-paz, alteglobalizadora, tudo isso.
O jornalista: E na prática, o Bloco é ou não é uma organização comunista?
O Anacleto: Já toda a gente sabe o que é o Bloco, para quê arranjar adjectivos?
O jornalista: Parece-me ver em si alguma relutância em dizer ‘comunismo’.
O Anacleto: De modo algum, não tenho nenhuma relutância em dizer essa palavra.
O jornalista: Então porque é que não a diz?
O Anacleto: Já disse, não disse?
O jornalista: Não!
O Anacleto: Pois, mas se ainda não disse, posso dizer. Não me custa nada pronunciar essa palavra.
O jornalista: ...
O Anacleto: Sim?
O jornalista: Estava à espera da tal palavra.
O Anacleto: Qual palavra?
O jornalista: Comunismo.
O Anacleto: Ah, essa, ehehehe.
O jornalista: E então, diz ou não?
O Anacleto: Digo o quê?
O jornalista: Comunismo.
O Anacleto: Co... co... Está calor aqui, não está? E então, a próxima pergunta.
O jornalista: Nos estatutos do PSR, o seu partido original, pode ler-se que o PSR é uma organização voluntária de mulheres e homens que se dedicam à luta pelo socialismo e pelo comunismo.
O Anacleto: Sim?
O jornalista: É verdade que continuam a luta pelo comunismo?
O Anacleto: Sim, somos uma organização voluntária de mulheres e homens que se dedicam à luta pelo socialismo e isso.
O jornalista: E "isso" é o comunismo?
O Anacleto: É mais ou menos isso, o socialismo, isso.
O jornalista: Na declaração do outro partido do Bloco, diz-se que a UDP é um partido marxista, de natureza comunista, que apoia o Bloco de Esquerda.
O Anacleto: Sim, o Bloco aceita todos os apoios.
O jornalista: A UDP é comunista?
O Anacleto: Ah, isso são coisas do Fazenda, é melhor perguntar-lhe a ele.
O jornalista: E a FER?
O Anacleto: Quem?
O jornalista: A FER.
O Anacleto: Não sei quem são esses.
O jornalista: São uma organização que faz parte do Bloco de Esquerda.
O Anacleto: A sério? Boa, quer dizer que estamos a crescer...
O jornalista: Caro Dr. Anacleto, a resposta que queremos ter é se o Bloco é ou não uma organização comunista. Não tem mal nenhum, há por aí outros partidos comunistas.
O Anacleto: Bem... agora a sério... Não posso dizer. O nosso director de marketing não deixa.
O jornalista: Como? O Bloco tem director de marketing?
O Anacleto: Temos, somos pós-modernos. O Bloco foi posicionado num nicho de mercado em grande crescimento, com um target muito bem definido e a nossa política de branding impede-nos de pronunciar certas palavras, sob pena de perdermos shares de mercado significativas.
O jornalista: Hmmm. Dr. Anacleto, como se chamava o seu partido antes de ser PSR?
O Anacleto: Era a Liga C. Internacionalista.
O jornalista: E o C. queria dizer o quê?
O Anacleto: O C..., o C.... era de.... Não me lembro.
O jornalista: Co... Co...
O Anacleto: Co.. co... operativo? Cometa? Peço desculpa, mas não me recordo de nada.
O jornalista: Como se chama o partido do Dr. Carvalhas?
O Anacleto: É o PCP.
O jornalista: E o que quer dizer PCP?
O Anacleto: Olhe, não faço ideia. Um dia destes pergunto ao Dr. Carvalhas lá na Assembleia. E agora desculpe-me, tenho que ir andando.
O jornalista: E acaba a entrevista sem pronunciar a palavra comunismo?
O Anacleto: Estou a ouvir mal. O que é que disse? Não percebi. Adeus, camarada, ooops... enganei-me, eheheh! O que eu queria dizer era, adeus, senhor jornalista.
Fim da Entrevista. Outras se seguirão, em breve, no único blogue português que pugna pela defesa intransigente do nosso agro-mar.
O jornalista: Caro Dr. Anacleto, boa tarde. Gostava de lhe perguntar em primeiro lugar, porque é que o Bloco de Esquerda foge da palavra ‘comunismo’ como o diabo da cruz?
O Anacleto: Ora essa é uma boa pergunta, até porque o Bloco é uma organização de máxima transparência que não tem medo de nenhum assunto e muito menos desse que referiu.
O jornalista: É raro ouvir a palavra ‘comunismo’ da boca de um dirigente do Bloco. Afinal, como se qualifica o Bloco de Esquerda?
O Anacleto: O Bloco é uma organização de esquerda, socialista, progressista, equalitária, anti-imperialista, pró-paz, alteglobalizadora, tudo isso.
O jornalista: E na prática, o Bloco é ou não é uma organização comunista?
O Anacleto: Já toda a gente sabe o que é o Bloco, para quê arranjar adjectivos?
O jornalista: Parece-me ver em si alguma relutância em dizer ‘comunismo’.
O Anacleto: De modo algum, não tenho nenhuma relutância em dizer essa palavra.
O jornalista: Então porque é que não a diz?
O Anacleto: Já disse, não disse?
O jornalista: Não!
O Anacleto: Pois, mas se ainda não disse, posso dizer. Não me custa nada pronunciar essa palavra.
O jornalista: ...
O Anacleto: Sim?
O jornalista: Estava à espera da tal palavra.
O Anacleto: Qual palavra?
O jornalista: Comunismo.
O Anacleto: Ah, essa, ehehehe.
O jornalista: E então, diz ou não?
O Anacleto: Digo o quê?
O jornalista: Comunismo.
O Anacleto: Co... co... Está calor aqui, não está? E então, a próxima pergunta.
O jornalista: Nos estatutos do PSR, o seu partido original, pode ler-se que o PSR é uma organização voluntária de mulheres e homens que se dedicam à luta pelo socialismo e pelo comunismo.
O Anacleto: Sim?
O jornalista: É verdade que continuam a luta pelo comunismo?
O Anacleto: Sim, somos uma organização voluntária de mulheres e homens que se dedicam à luta pelo socialismo e isso.
O jornalista: E "isso" é o comunismo?
O Anacleto: É mais ou menos isso, o socialismo, isso.
O jornalista: Na declaração do outro partido do Bloco, diz-se que a UDP é um partido marxista, de natureza comunista, que apoia o Bloco de Esquerda.
O Anacleto: Sim, o Bloco aceita todos os apoios.
O jornalista: A UDP é comunista?
O Anacleto: Ah, isso são coisas do Fazenda, é melhor perguntar-lhe a ele.
O jornalista: E a FER?
O Anacleto: Quem?
O jornalista: A FER.
O Anacleto: Não sei quem são esses.
O jornalista: São uma organização que faz parte do Bloco de Esquerda.
O Anacleto: A sério? Boa, quer dizer que estamos a crescer...
O jornalista: Caro Dr. Anacleto, a resposta que queremos ter é se o Bloco é ou não uma organização comunista. Não tem mal nenhum, há por aí outros partidos comunistas.
O Anacleto: Bem... agora a sério... Não posso dizer. O nosso director de marketing não deixa.
O jornalista: Como? O Bloco tem director de marketing?
O Anacleto: Temos, somos pós-modernos. O Bloco foi posicionado num nicho de mercado em grande crescimento, com um target muito bem definido e a nossa política de branding impede-nos de pronunciar certas palavras, sob pena de perdermos shares de mercado significativas.
O jornalista: Hmmm. Dr. Anacleto, como se chamava o seu partido antes de ser PSR?
O Anacleto: Era a Liga C. Internacionalista.
O jornalista: E o C. queria dizer o quê?
O Anacleto: O C..., o C.... era de.... Não me lembro.
O jornalista: Co... Co...
O Anacleto: Co.. co... operativo? Cometa? Peço desculpa, mas não me recordo de nada.
O jornalista: Como se chama o partido do Dr. Carvalhas?
O Anacleto: É o PCP.
O jornalista: E o que quer dizer PCP?
O Anacleto: Olhe, não faço ideia. Um dia destes pergunto ao Dr. Carvalhas lá na Assembleia. E agora desculpe-me, tenho que ir andando.
O jornalista: E acaba a entrevista sem pronunciar a palavra comunismo?
O Anacleto: Estou a ouvir mal. O que é que disse? Não percebi. Adeus, camarada, ooops... enganei-me, eheheh! O que eu queria dizer era, adeus, senhor jornalista.
Fim da Entrevista. Outras se seguirão, em breve, no único blogue português que pugna pela defesa intransigente do nosso agro-mar.
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